Tu sabias para onde seguia o caminho! E o caminho, esse, segue sempre para 1989! Que melhor maneira de completar o segundo mês do TT?
Em 1989 o David Coverdale já tinha recrutado o virtuoso dos virtuosos, um dos mais criativos músicos do nosso tempo, o Steve Vai, e com ele gravou o Slip Of The Tongue - um dos meus álbums favoritos de sempre e, contra a opinião geral, o álbum de WHITESNAKE que mais gosto.
Não preciso explicar mais, eu acho. Não quero sequer saber se conta como AOR. É um regresso aos nossos melhores anos. Somos nós sentados no snack do Centro Comercial de Alvalade outra vez. É 1989 outra vez!
Vamos quebrar uma regrazinha, e repetir uma canção - mas desta vez numa bela performance ao vivo, em Paris, em 1990. Faço-o pelo fun factor e pelo intenso solo de guitarra que o Shredders' Week Special sempre pede.
Hoje dedicamos o Trading Tapes ao coração dos TOTO, o guitarrista AOR por excelência, o homem que é practicamente sinónimo do músico de estúdio da West Coast, Steve Lukather.
O Steve Lukather é o guitarrista por detrás de quase todos os mega álbums dos anos 80 que conseguirmos nomear. Lembras-te do Thriller? É o Steve Lukather na guitarra. Beat It? O riff é Steve Lukather.
Super talentoso, técnicamente intocável, e um mestre da tonalidade da guitarra moderna. Sempre uma lição de como fazer uma guitarra soar bem em qualquer contexto.
Atenta sobre a performance da guitarra, não percas o solo e diverte-te com o Hold The Line ao vivo:
Só há um caminho a seguir amanhã. Can you guess where we're going?
Não podemos deixar o Trading Tapes chegar ao fim sem a justa homenagem ao homem que mais definiu o som da guitarra Rock para os anos 80. Quando o Eddie Van Halen lança em 1978 o seu primeiro álbum ele já nos estava a ensinar o som da guitarra para toda a década seguinte. Ninguém foi tão imitado como ele.
Mas se o Van Halen influenciou a década de 80 como ninguém, será que o inverso também aconteceu? É que talvez tenha havido um momento em que os 80s tenham feito ricochet e, por sua vez, deixado a sua influência nos Van Halen.
O álbum 5150, de 1986, agora com o Sammy Hagar na voz, parece ser esse ponto - mais radio-friendly, cheio de teclados, produção polida e mass-appeal. Talvez não arranjassemos na discografia anterior razões suficientemente fortes para colocar o Van Halen aqui no TT AOR Edition. Mas com o 5150 temos muito por onde escolher.
Dou destaque a Dreams. O vídeo é engraçado para o tom de homenagem à carreira da banda; o solo soa como Van Halen tem de soar; e o tema é optimista, inspirado e inspirador - assenta como uma luva na nossa antologia:
Fica também a canção na sua forma pura, que talvez os ouvidos agradeçam:
Hoje voltamos a 1989 e damos destaque ao álbum que me deu a ideia de fazer um Shredders' Week Special. Falo do primeiro álbum dos MR. BIG, a banda composta por mega-talentos como Billy Sheehan, Eric Martin e Paul Gilbert.
E é justamente sobre o Paul Gilbert que queremos hoje falar. Um dos nomes mais sonantes do movimento musical ligado à ideia de Shred, no mesmo patamar do Joe Satriani, do Steve Vai, Jason Becker, ou do Marty Freedman. Um guitarrista e compositor multi-talentoso, com mais de 15 álbums a solo extremamente diversificados.
Os MR. BIG aparecem já demasiado tarde para fazer sentido usar o conceito de AOR neles. Eles já são uma explosão de todos os elementos definidores do fim da década de 80, recaindo no lado Hard N' Heavy, mas ainda procuravam apelar às massas e a uma cultura eminentemente visual. No entanto fizeram-no com imensa mestria e talento musical.
Aqui fica o destaque para Addicted To That Rush. Técnico mas sempre músical e, acima de tudo, muito divertido:
Amanhã tentaremos algo inesperado, mas há muito devido.
Passámos este mês todo com weeklong specials, e não era na última semana que íamos mudar a coisa. E assim sendo, aqui abrimos o Especial Shredder's Week. A quinta semana de Maio inteirinha dedicada aos virtuosos que pisaram os terrenos do AOR e do Melodic Hard Rock. Iremos quebrar uma ou outra regra aqui e ali, e faremos desta uma semana muito visual, cheia de showmanship e super divertida.
Acho que é apropriado começar esta semana com o Neal Schon. Afinal de contas os JOURNEY são quase sinónimos de AOR, e muito do estilo da banda se deve ao Neal Schon.
Este tipo tem 50 anos de carreira sempre a trabalhar duro. Tocou com o Santana logo no começo da carreira, com o Jan Hammer (com quem gravou dois álbums), gravou nove álbums a solo e catorze com os JOURNEY. Mereceu o seu lugar entre os virtuosos da guitarra.
O destaque de hoje vai para Stone In Love, faixa do Escape de 1981. Aqui numa versão ao vivo em Houston, para melhor apreciarmos o display do Neal Schon:
Que se lixe! Quem consegue escolher? Se vamos terminar a nossa viagem pela carreira do John Elefante então voltamos ao L.O.F.C.Audio de 1990 (álbum que já espreitámos nos primeiros dias do Trading Tapes AOR Edition), que eu considero a sua obra prima.
Acho que para a despedida estamos autorizados a algo mais fora da caixa. Sem dúvida uma escolha pessoal, um hino ao nosso tempo que eu transponho de forma literal para o "nosso tempo" 1989-1990. Coros, solo de guitarra complicado, secções antémicas - acho que calha bem para fechar a semana.
Impossível não pensar nos céus por cima da linha de comboio, o mesmo céu que cobria o Externato e a Visconde Seabra. O destaque para People Of This Time:
Uma das minhas semana favoritas no Trading Tapes. Para a semana completamos dois meses disto!
1989. As ocasionais experiências que John Elefanate e Dino Elefante levaram a cabo para antologias e bandas sonoras serviram para empolgar as editoras discográficas e para inspirar os dois irmão a formar um projecto musical independente e a gravar um álbum. É daqui que saem os MASTEDON e um álbum de estúdio, com alguns músicos convidados, a que chamaram It's A Jungle Out There.
Na generalidade o It's A Jungle Out There é um álbum bastante pesado, claramente caindo do lado Hard 'N Heavy do AOR daqueles anos à volta de 1989. Mas justamente por se tratar de um álbum de 1989 continua a ser um álbum muito variado e eclético, mostrando bem o leque das capacidades do John Elefante.
A capa um tanto naive do álbum parece confirmar que em 1989 tudo tinha de ter um skyline urbano ameaçador à maneira do Jason Takes Manhattan que abriu o nosso Trading Tapes AOR Edition. Mas não me estou a queixar - não é 1989 se não tiver o skyline e o céu por cima.
Escolho dar destaque a uma das faixas mais "uplifiting" do álbum, continuando o tema de ontem. This Is The Day também podia servir para ilustrar a cena de um filme de adolescentes com as paixões ao rubro no dia da vitória, seja qual for ela (normalmente ficar com a miúda, ou então aceitar que a infância acabou e que o que vem a caminho será ainda mais glorioso, apesar de não se ficar com a miúda).
Amanhã encontramo-nos em 1990, e despedimo-nos do John Elefante por uns dias.
Passados dois anos, as qualidades musicais de John Elefante levam-no a uma carreira como produtor discográfico e compositor galardoado nos Grammy Awards. Esta relação com os estúdios leva-o a contribuir canções originais para antologias e o cinema, mediante a necessidade. Hoje damos destaque a uma dessas composições, uma que se tornaria muito especial para nós por diversas razões.
O destaque de hoje vai para Young And Innocent, uma canção que representa uma das primeiras associações entre John Elefante e o seu irmão Dino Elefante. A canção foi usada na banda sonora do St. Elmo's Fire, o filme do Joel Schumacher onde se estreou o famoso "Brat Pack".
Brat Pack refere-se, claro, ao grupo de actores que em 1985 se tornaram indissociáveis dos filmes de adolescentes, com a participação em St. Elmo's Fire e em Breakfast Club. Falamos de Andrew McCarthy, Emílio Estevez, Rob Lowe, Ally Sheedy, Molly Ringwald, Anthony Michael Hall, Demi Moore e Judd Nelson.
Especial nas nossas memórias sem dúvida, e impossível de separar do filme, aqui fica Young and Innocent:
E para quem ainda precisa de imagens:
Amanhã damos um salto no tempo até ao nosso querido ano de 1989. Só podia ser!
Um ano passado e o John Elefante grava o seu segundo álbum com os KANSAS, o último também, Drastic Measures de 1983. Um álbum em que a estética AOR se faz sentir muito explicitamente, quebrando com o anterior som da banda, já que desta vez as composições do John Elefante são largamente dominantes no disco. E que disco! Mais um dos mistérios que é o ano 1983.
Tenho a certeza que nestas 38 entradas para o Trading Tapes AOR Edition nunca passei por uma decisão tão difícil. Para quem é fã de bom AOR e do John Elefante o Drastic Measures é um manancial de excelente música.
Por isso deixei que a "máquina" decidisse por mim. E dou destaque à canção que foi o hit do álbum, também muito graças ao seu uso no filme Rumble Fish do Ford Copolla, de 1983, com o Mickey Rourke e o Matt Dillon.
Em caso de dúvida os filmes de gangues tiram sempre as teimas - quando se está nos 80s... Aqui fica o destaque para Fight Fire With Fire:
Amanhã já teremos deixado os KANSAS para trás. E avançamos para uma boa surpresa...
Durante todo o tempo que levei a planear o especial The End Days trouxe o John Elefante na consciência. Eu sabia que 1988 tinha dado um golpe mortal no AOR, mas também sabia que o John Elefante era o inevitável espinho na minha teoria, o indíviduo que transportava sozinho o AOR para lá desse fatídico ano sem esmorecer ou perder alma.
Faremos desta semana a justa homenagem ao John Elefante, passando por uns quantos momentos da sua carreira entre 1982 e 1990.
Vinyl Confession, de 1982, foi a primeira gravação do John Elefante. Impressionante ter conseguido o lugar de novo vocalista e teclista nos KANSAS, quando até lá ele nunca tinha feito parte de uma banda ou gravado qualquer disco e especialmente tendo-se batido com o Sammy Hagar nas audições. E como se isto não bastasse ainda participou na composição do álbum. Belo início.
Quanto a hoje não vou fazer uma escolha fácil. Não vou escolher uma das faixas mais rápidamente orelhudas do álbum. Acho que a abertura da semana pede uma selecção que foque as potencialidades da voz do John Elefante, e que faça uma boa demonstração do coração AOR que ele transporta no peito. Assim aqui fica o destaque para Play On:
Não ficava bem deixar terminar este especial 1989, sem algo que se assemelhasse a um hit de puro AOR desse ano.
Um dos primeiros discos do Mark Free, o Loud & Clear não engana. É AOR sem tirar nem pôr. E estavamos a precisar disso numa semana que foi menos purista, ou demasiado ecléctica. But that's 1989 for ya!
O destaque vai para Arms Of A Stranger:
Não sei quanto tempo durará ainda o Trading Tapes AOR Edition. Mas suspeito que ainda tenhamos ocasião de voltar a 1989. Por isso não será uma despedida. Até Segunda-feira!
Espero hoje ter sucesso em fazer-te lembrar todas aquelas bandas sonoras que escutávamos pela altura do Externato. Do James Bond do Timothy Dalton aos Ghostbusters, as ideias estavam no ar em 1989.
Adorei dar com este álbum. Acho que concordas comigo que a maioria da música que escutávamos na altura do Externato chegava-nos por via do cinema, e que essa música tinha um sabor dominantemente afro-americano. O advento do New Jack Swing (com o Control, da Jante Jackson) estava a deixar marcas profundas em todas as nossas bandas sonoras favoritas (Ghostbusters 2, Licence to Kill, TMNT, etc.)
Ora encontrar num álbum essencialmente AOR de 1989 as sonoridades que escutávamos naqueles anos assentou como uma luva para este Weeklong Special. Estamos a passear em 1989 ou 90 em todos os shoppings onde existia uma sala de cinema!
Que tal uma homenagem ao Tigle John? Não há 1989 sem T.J. e o destaque de hoje é dedicado a ele e à sonoridade que também ele associa àqueles anos da nossa infância.
Em 1989 o AOR estava em maus lençois. Mas certas facetas do Rock dominvam as ondas do éter, entre eles os U2. Vindos do lançamento de um dos seus mais apreciados álbums, Joshua Tree (o álbum favorito do T.J., vejam só!), os U2 deixaram marcas profundas na sonoridade dos nossos anos e nas expectativas das grandes discográficas para o Rock. O álbum de hoje traz-nos certos momentos que ilustram o que quero dizer; as grandes planícies da America, os poços de petróleo do Texas, e a guitarra sincopada e ambiental com um bocadinho do Edge...
O destaque de hoje vai para Innocent Days. Afinal não andámos longe. Esta é para o T.J!
O destaque de hoje é muito especial para mim, para além de uma escolha difícil. Difícil porque penso que vários momentos do álbum que seleccionei para hoje dizem muito acerca de 1989. E especial porque, de uma maneira peculiar, eu fui aluno de um dos compositores da música.
Os WALK ON FIRE são uma banda inglesa pela qual tenho muita simpatia. Infelizmente lançaram o Blind Faith, seu primeiro álbum, em 1989. Em 1989 as coisas não estavam para durar para o AOR e o Hard Rock Melódico. Os WALK ON FIRE ainda chegaram a gravar as canções para um segundo álbum, mas foram largados pela MCA Records antes do lançamento.
A ocasião é boa para partilhar a minha admiração pelo guitarrista desta banda, o Michael Casswell, que infelizmente nos deixou cedo demais em 2016 à custa de uma acidente de mergulho. O Michael Casswell foi guitarrista da banda do Brian May e foi músico de estúdio de alguns dos melhores estúdios da Costa Oeste, era um mestre da tonalidade da guitarra, e o detentor de uma bela colecção de guitarras Valley Arts de Los Angeles (ele é um dos Valleycats originais). Através das suas dezenas e dezenas de lições para os DVDs da Lick Library aprendi muito com ele. Devo-lhe uma boa dose da minha compreensão das diferenças de tom entre Les Pauls e Strats, do uso de pedais, de como usar o whammy bar com gosto, etc. Considero-o um professor meu.
E agora aqui fica o destaque para hoje. Tell It Like It Is. Não podia ser mais 1989. Uma canção muito ecléctica, exótica na tonalidade, e podia servir como uma luva no nosso Weekend At Bernie's (também de 1989). Vai saber a verão, vai saber ao Apollo 70 nos últimos dias de férias, and life was good back then.
Bem vindo ao 1989 Weeklong Special. Vamos fazer disto uma semana divertida, à volta de um ano que nos é muito querido. Na minha opinião é um ano despassarado para o AOR, muito ecléctico, inseguro e já abertamente virado para os sons mais Hard 'n Heavy. Se a semana correr bem vamos ficar com uma amostra de toda essa variedade, mas também reencontrar o mood daquele período da nossa vida. Tentarei o meu melhor para evocar essa altura.
O primeiro álbum dos DANGER DANGER é um bom ponto de partida. Muitas das características de '89 estão presentes aqui, entre as quais não nos deixar esquecer que se trata de uma banda Hard 'n Heavy. Até a arte do álbum é boa para servir de primeira página e abrir a semana com o obrigatório skyline urbano (à boa maneira das Streets of Poison ou do Jason Takes Manhattan). Há algo aqui que transpira Externato.
O destaque vai para Under The Gun. É a faixa que mais segue as regras do AOR, criando uma atmosfera cinematográfica - é fácil imaginar a miúda chegada da terrinha que tenta vingar na Big City e que foge da chuva debaixo da paragem de autocarros, o ambiente noir do crime urbano, etc. etc. Isto cabia no Cobra do Stallone. Cliché para 1989, talvez, but it's a cool one:
Terminamos hoje a semana dedicada aos dias do fim. Espero que não tenha servido meramente como um downer no nosso Trading Tapes. Quando comecei a coleccionar canções para partilhar aqui estava completamente determinado a incluir muitas das coisas mais pesadas de 1989 em diante, mas foi curiososo reparar que estava a ficar difícil encontrar nesses anos a aura que nós intuitivamente associamos ao AOR. E quando essa aura lá estava ou vinha de uma forma muito cliché e pouco original, ou então vinha transmutada por um som mais sinistro e "pesado". Por essa razão eu disse simbólicamente que o AOR tinha "morrido" em 1988, e que os DARE surgiam como o canto do cisne.
Up From The Ashes, o primeiro álbum a solo do Don Dokken, resultou do desentendimento entre ele e o George Lynch. Não gosto particularmente do álbum, não faz o meu estilo. Mas acho muita piada à faixa a que hoje damos destaque.
Crash 'N Burn podia estar em qualquer filme de meados da década de 90. Podia estar no The Crow ou até no Clerks, quem sabe... Mantendo a vontade de conseguir criar uma tonalidade ambiental à maneira do Hard Rock Melódico e do AOR, esse ambiente sai à frente do seu tempo. É já uma coisa que vamos encontrar no Alternative Rock americano (daí o The Crow), ou mesmo nos herdeiros do Grunge. Qualquer optimismo está definitivamente arrancado da canção; há até um certo elogio do negro, do melancólico, do negativo, coisa que absolutamente caracteriza 99% do Rock dos anos 90.
Aqui fica então Crash 'N Burn:
Despedimo-nos aqui. Ficou feito o enquadramento onde vamos enfiar 1989.
Seguimos em frente. Saltamos no tempo e vemos como os ventos da década de 90 traziam más notícias para o velho AOR. As coisas que valem a pena são todas mais pesadas, pushed to the limit, e o optimismo heróico das velhas canções começa a ser uma memória distante.
Nem o álbum In The Heart Of The Young, nem a banda de Kip Winger e de Reb Beach (actual membro dos WHITESNAKE), são um exemplo puro de AOR, eu sei. Mas o puro AOR, se tal coisa ainda existe, começa a ser cada vez mais um passadismo, uma curiosidade na forma de fazer música e já não a expressão criativa do tempo.
A canção a que hoje dou destaque ilustra bem um dos caminhos que esta família do Hard Rock Melódico prefere tomar no crepúsculo dos anos 80. Ainda vamos reconhecer no Rainbow In The Rose o fundo ambiental e celestial composto de acordo com as regras do AOR, mas tudo o resto está prestes a desfazer-se aos pedaços, o ritmo complexifica-se, os solos são elevados à potência de 10, a voz está no limiar do Heavy Metal, e não sentimos a libertação positiva que o AOR sempre produzia.
Tal como as peças anteriores dos DARE, o Rainbow In The Rose é um caso interessante. Um resto do AOR que consegue sobreviver e transmutar-se por cima de uma nova complexidade rítmica e melódica:
Mais um pouco de 1990 amanhã. Mas definitivamente as coisas vão ficar mais negras.
Despedimo-nos hoje do Out Of The Silence. Se o álbum não te tocou até agora, isto é uma última oportunidade, ou a maneira de te afastar de vez. A AOR University continua para lá do apocalipse nos dois dias seguintes.
O álbum Out Of The Silence tem algo de freak accident. Não voltou a acontecer no AOR nem na carreira da banda, que nunca conseguiu recapturar o génio para os álbums seguintes. O verdadeiro caso isolado na vida desta banda de Oldham, na Inglaterra, formada pelo teclista dos THIN LIZZY, Darren Wharton.
O destaque vai hoje para Under The Sun, uma das mais épicas canções do álbum. O céu por cima das Avenidas Novas visto pelo coração dos putos de 12 ou 13 anos, ainda capazes de ser comovidos ao mesmo tempo que são esmagados pelo fim daquela infância:
Sei que estes últimos dias do Trading Tapes não têm tido muito sucesso. Mas espero que um dia possas regressar a este álbum. Amanhã entramos em 1990. E completamos a moldura onde virá a caber o nosso 1989. Até lá.
Entramos na segunda aula da AOR University, ainda com os DARE e o magnífico Out Of The Silence de 1988.
A faixa a que damos hoje destaque é a coisa mais parecida a um single que o Out Of The Silence contém. Foi usada para abrir o álbum - uma canção perfeitinha e de acordo com as regras do AOR para a faixa número 1 como quem se despede à porta, porque o resto ia ser maior e mais intenso.
É impossível não achar que esta canção acentaria como uma luva para a banda sonora de um dos nossos filmes heróicos dos anos 80. As canas de bamboo em ritmo, acompanham o nosso solitário herói abandonado a um intenso Kata, numa manhã chuvosa, no topo de um prédio. E a miúda de certeza ficará com ele no fim, depois da guerra.
Diverte-te com Abandon. Mas há mais em DARE.
Não costumo fazer isto, para não nos destrairmos com coisas que não sejam a música. Mas, afinal de contas, depois de 1988 não voltaremos ao mesmo. Por isso, aqui fica também o clip. Amanhã há mais, e faremos a despedida aos DARE, a 1988, e a uma forma de fazer AOR.
Bem vindo ao Fim. Se estás vivo num futuro distante e consegues escutar a minha transmissão conto contigo para colocares os teus headphones (ou o que quer que a tecnologia tenha inventado no teu tempo) e mergulhares no evento 1988. Suspende a crença em tudo o que te contaram acerca do passado e acolhe a minha mensagem: 1988 é o ano em que tudo chega ao fim.
Depois de uma semana inteira dedicada ao nascimento do AOR, que tal uma semana à volta da sua "morte"? Começa aqui mais um weeklong special - The End Days.
Esta vai ser uma semana mais exigente musicalmente. Não está planeada para produzir aquele prazer rápido e descartável, vai tentar incidir alguma luz sobre o "fim" do AOR em 1988 e enquadrar uma futura semana que dedicaremos ao ano de 1989. E tudo vai revolver à volta do Out Of The Silence, o primeiro álbum dos DARE que foi lançado justamente em 1988.
De tempos a tempos as linguagens músicais atingem um ponto de máxima fluência, em que a linguagem se fala no mais alto estado de invenção e espontaneidade. Paradoxalmente esse é também o momento em que a cultura dessa linguagem entra num processo decadente (no verdadeiro sentido histórico da palavra) e se começa a tornar auto-consciente, a levar-se a sí própria demasiado a sério ou a cair em auto-ironização (talvez por perceber que já não se consegue superar ou reinventar para lá desse ponto).
Para mim, e falando do AOR, isso acontece em 1988 com o Out Of The Silence. É um álbum autênticamente de AOR. Consegue ser inventivo, profundo e sério, e tudo sem sair dos parametros deste género músical. Usa a linguagem do AOR com perfeição para conseguir composições complexas e plenas, e sem nunca desejar falar outra coisa que não o AOR.
Não se repetiu mais nada assim. E em breve nós punhamos os pés no Externato e os anos 90 estavam à porta, como veremos mais à frente.
Agora abrimos com tudo, all guns blazing!, e damos destaque a Into The Fire.
Vamos andar à volta deste álbum nos próximos dias. Ouve, ouve e volta a ouvir, mergulha.
1981. Achaste mesmo que tinhamos terminado? Não podiamos fazer uma semana dos clássicos originais e deixar os JOURNEY de fora. Isto merecia um dia bonus, ou um ano bonus.
Esta é banda cujo nome se confunde com o próprio sentido de AOR. Dominaram os anos 80 ao lado dos FOREIGNER, produzindo hit atrás de hit. A sua formação era de primeira linha, tendo no Neal Schon um guitarrista capaz de competir com os maiores virtuosos e no Steve Perry a voz que o AOR andou a tentar imitar desde sempre.
Para fechar a semana dos clássicos o destaque tinha que ir para Don't Stop Believing, é claro. Ou não fosse esta a canção que ocorre à cabeça da maioria das pessoas quando se fala em AOR:
Acabámos no sítio certo. No sítio onde o AOR se fez grande. Até Segunda-feira!
1980. Com quase 15 anos de carreira, uma banda do Illinois chamada REO SPEEDWAGON, sofre uma deriva Pop, Radio-friendly, e pelo meio ajuda a inventar o AOR e os anos 80.
De todos os álbums que destacámos durante toda esta semana, este é o álbum que finalmente nos traz aquele carácter Pop que é imprescindivel no AOR - o trocadilho com Hi-Fi no título Hi Infidelity, a capa humorística agri-doce da sexy girl e o parceiro focado no gira-discos, o elogio do ambiente urbano com os prédios ao fundo, e toda uma sensibilidade cinematográfica da canção que conta uma história...
O destaque vai, claro, para Keep On Loving You e assim não fugimos dos clássicos originais. Quando eramos miúdos escutávamos isto como se se tratasse de "música dos pais", agora matamos as saudades:
Espero que tenhas gostado da semana de clássicos. Agora que a década de 80 está de portas abertas à nossa espera chegamos ao fim do nosso Especial Origens... or did we? ;)
1979. Começam as coisas para nós. Mas para os JEFFERSON STARSHIP a história já ia longa quando nesse ano lançam o seu quinto álbum, Freedom At Point Zero.
Nem os JEFFERSON STARSHIP são uma banda puramente AOR, nem o álbum Freedom At Point Zero é um disco estritamente AOR. Num certo sentido talvez até se possa falar num regresso atrás, quando comparado com os mencionados álbums dos TOTO, ou dos FOREIGNER.
A novidade aqui é especialmente a voz do Mickey Thomas, que ingressava na banda pela primeira vez e que traz com ele um estilo que parece feito para o AOR - aqui nos JEFFERSON STARSHIP, e durante todos os 80s na banda STARSHIP (banda que teremos de visitar neste Trading Tapes).
Mas não há nada a desmerecer. Oiça-se o destaque de hoje, Jane, a faixa que abre o Freedom At Point Zero, e repare-se no ambiente criado pelo teclado, o ritmo épico do combate, o solo de guitarra, a voz vigorosa - está ali a receita para qualquer canção AOR que valha a pena:
1978. Os TOTO começam aqui o que se vai tornar um dos mais puros trajectos de invenção do AOR. Poucas bandas representam de forma tão limpa, constante e universal este género musical.
Talvez se possa mesmo dizer que ninguém representa tão bem as característcas culturais do AOR como os TOTO. Afinal trata-se de uma banda composta por malta que tocava e gravava para os maiores nomes da indústria discográfica, malta vinda da nata da música West Coast, capazes de ler notação musical, malta que frequentava os mais prestigiados estúdios da California, e que tinha o ouvido treinado para fazer os hits que tocariam na rádio FM durante décadas.
O Steve Lukather (guitarrista / solista da banda) é o exemplo mais acabado do "session musician" que as grandes discográficas queriam em todos os seus discos. Pegue-se nalgum álbum da Aretha Franklin, do Lionel Richie, do Michael Jackson e talvez se esteja perante as guitarras do Steve Lukather.
Mas hoje o destaque vai para Hold The Line, o megahit do primeiro álbum dos TOTO. Uma lição de como deve soar o AOR: