segunda-feira, 4 de maio de 2020

#27 DARE_Into The Fire(1988)


#27

D,

Bem vindo ao Fim. Se estás vivo num futuro distante e consegues escutar a minha transmissão conto contigo para colocares os teus headphones (ou o que quer que a tecnologia tenha inventado no teu tempo) e mergulhares no evento 1988. Suspende a crença em tudo o que te contaram acerca do passado e acolhe a minha mensagem: 1988 é o ano em que tudo chega ao fim.


Depois de uma semana inteira dedicada ao nascimento do AOR, que tal uma semana à volta da sua "morte"? Começa aqui mais um weeklong special - The End Days.

Esta vai ser uma semana mais exigente musicalmente. Não está planeada para produzir aquele prazer rápido e descartável, vai tentar incidir alguma luz sobre o "fim" do AOR em 1988 e enquadrar uma futura semana que dedicaremos ao ano de 1989. E tudo vai revolver à volta do Out Of The Silence, o primeiro álbum dos DARE que foi lançado justamente em 1988.

De tempos a tempos as linguagens músicais atingem um ponto de máxima fluência, em que a linguagem se fala  no mais alto estado de invenção e espontaneidade. Paradoxalmente esse é também o momento em que a cultura dessa linguagem entra num processo decadente (no verdadeiro sentido histórico da palavra) e se começa a tornar auto-consciente, a levar-se a sí própria demasiado a sério ou a cair em auto-ironização (talvez por perceber que já não se consegue superar ou reinventar para lá desse ponto).

Para mim, e falando do AOR, isso acontece em 1988 com o Out Of The Silence. É um álbum autênticamente de AOR. Consegue ser inventivo, profundo e sério, e tudo sem sair dos parametros deste género músical. Usa a linguagem do AOR com perfeição para conseguir composições complexas e plenas, e sem nunca desejar falar outra coisa que não o AOR.

Não se repetiu mais nada assim. E em breve nós punhamos os pés no Externato e os anos 90 estavam à porta, como veremos mais à frente.

Agora abrimos com tudo, all guns blazing!, e damos destaque a Into The Fire.


Vamos andar à volta deste álbum nos próximos dias. Ouve, ouve e volta a ouvir, mergulha.

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